Naquele ano, aconteceu que todos os personagens de histórias infantis decidiram ir para a África do Sul. Era Copa do Mundo, amigo. Anões, Porquinhos, Pinóquio, Chapeuzinho Vermelho, Lobo Mau, enfim, todos foram para lá, protagonizar o maior evento esportivo do mundo.
Os porquinhos ficaram no Grupo A, junto com os anfitriões, os uruguaios e os mexicanos. Tinha o Prático, que era o técnico; o Heitor, que todos chamavam de Henry; e o Cícero, atacante que jogava no Chelsea.
A estreia foi contra os uruguaios. Bons churrasqueiros, os sul-americanos quiseram assar os porquinhos – até levaram um açougueiro, o Lodeiro, mas ele acabou expulso. E o jogo acabou num fraco 0x0.
Aí veio o segundo confronto, os porquinhos perderam para os mexicanos e o Cícero sentou num porco. Digo, ficou bravo. Mandou o técnico chafurdar, o que fez Prático demonstrar toda sua praticidade, mandando o atacante pastar.
Pastar?
Enfim, mandou embora.
Como última tentativa, no derradeiro confronto Prático resolveu colocar Henry, para ver se ele dava uma mãozinha. Não funcionou, e a França foi para casa mais cedo. Só não me pergunte se para a casa de tijolos, de palha ou de madeira.
Não muito longe dali, um anão dava entrevista coletiva. Há divergências se era o Zangado ou o Dunga. Enquanto ele falava, ao fundo um jornalista reclamava algo ao telefone. Desconfiado, o anão perguntou:
- Algum problema?
- Não, nem estou olhando pra você, respondeu Pinóquio, o jornalista.
Após ouvir uns impropérios, Pinóquio resolveu reclamar com o pessoal do castelo mal-assombrado. E coube a Tadeu, o Lobo Mau, vir a público ler um editorial repudiando a atitude do anão:
- Ele é feio, bobo e mau, e não me deixa filmar os treinos!
Alguns quilômetros mais adiante, uma italiana de nome Cinderela defendia o título mundial. Bonita e bem vestida, ela decidiu deixar as chuteiras de lado e calçou sapatinhos de cristal, projetados por algum estilista de renome. O problema do sapatinho é que ele tinha um salto muito, mas muito alto, e como era de cristal, o tombo acabou sendo inevitável.
Depois de tropeçar diante do Paraguai e da Nova Zelândia, ela caiu grotescamente diante da Eslováquia.
E, sem ninguém para ajudar, Cinderela teve que voltar para casa mais cedo.
Que triste, não?
*coluna publicada no Jornal Contexto, de Carlos Barbosa, em 26 de junho.
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